quarta-feira, 12 de junho de 2013

Meus namorados - que eu não namoro

Já morei numa casa com nove pessoas. Por um mês éramos 15. Mais adiante, por uns oito meses, chegamos a ser 22 - e em momentos até 30. Morei com meus pais e irmãos, claro.  Morei sozinha. Morei com uma menina. Com duas mulheres. Com quatro mulheres. E este ano, aconteceu de morar com dois homens. Um já era amigo de longa data, o outro nunca tinha visto na vida: mal sabia que o destino me presenteava - e aquele dia, não era "dia dos namorados".

Hoje estamos fazendo cinco meses de relacionamento e estamos muito felizes. Eu estou e eles também - estou tranquila que realmente não falo só por mim. Dividimos nossa vida, as contas, os temperos, o queijo de Minas, as cervejas, o suco, o chá gelado, o sofá, os talheres, o sabão em pó e o amaciante. Compartilhamos as alegrias, o bem-estar da saúde - Amém - e as frustrações. Os amores e os desamores. As tentativas, os erros e os acertos.

Aproveitamos a mágica de nos divertirmos um com outro, de rir um do outro, de fazer piada, sem desmerecer. De ficar irritado, sem pedir desculpas: somos sendo, sem máscaras ou representações. Discutimos sem desrespeitar, tomamos decisões coletivas, sem priorizar o indivíduo - mas continuamos sendo um só, cada um com seu cada qual. 

Não nos anulamos, individualmente, para conquistar um ao outro. Nos gostamos assim, do jeito que nos fizemos ser. Se um quer cinema, o outro bar, o outro dormir, tudo bem. Se todos querem ouvir música alta, tudo bem também. Se um quer sopa, o outo nada, por quê não?

Falamos de nossas famílias e de como gostaríamos de construir a nossa. Não somos de São Paulo e falamos como é bonito e importante estar aqui, neste momento da nossa vida. Somos jovens e maduros. Nos acordamos quando um perde a hora para trabalhar. 

Entendo hoje que a fluidez do dia-a-dia não está na facilidade, mas na simplicidade, no companheirismo, na diversão com responsabilidade, no compromisso com a leveza.

Aos meus dois namorados, que não namoro, parabéns pra nós! Vocês têm sido grandes amigos, colegas e irmãos. Entre tantas experiências, posso dizer que a que vivo hoje é um exemplo de consideração positiva: "que seja eterno enquanto dure*",
Da Dona Flor que não tem nenhum marido, mas tem dois queridos.
Sejam felizes e que encontremos nossas três metades: A gente merece! :-)





*Vinícius. 

*Não adesão à nova regra gramatical.