quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pedido(s)



Nas últimas semanas, duas das minhas melhores amigas receberam um pedido, enquanto eu realizava outro. Dar versus receber: eterno dilema de limite e intensidade dentro do que entendemos sobre o "pertencimento". Elas "foram pedidas" em casamento: eu pedi demissão.

Unir versus separar; por que não?

Não sei ao certo o que cada uma delas aceitou a se unir, mas eu me permiti afastar de um tipo de vida que atualmente não corresponde a uma busca: e eu, que sou uma pessoa preenchida por expectativas - altíssimas, inclusive - não tenho nenhuma. Zero. Estou em constante estado de meditação desde o dia em que pedi ruptura de contrato e devolvi a aliança: "nada" na cabeça.

Essas semanas já viraram mais de mês e a separação não virou divórcio - sabe como é; machuca ambas as partes e, mesmo não havendo filhos, há viagens, porta-retratos, contas a dividir -  matemática não é meu forte - mas nada litigioso: somos bem civilizados, Amém!

Conversei com muitas pessoas - para variar - de tudo quanto foi meio, maturidade, casadas, solteiras, divorciadas, viúvas, aposentadas, idosas e a grande maioria se espantou quando disse que pedi tempo do estilo de vida e não do trabalho, das pessoas, da empresa, da atividade meio ou lugar. E algumas delas me provocaram em reler textos meus, de tempo recente: nem tão grata, mas surpresa, fiquei ao ter certeza de que estava no caminho que falei que sempre gostaria de ir e estou dando passos para trás, desacelerando a realização "disso tudo".

Achei ótimo que a formação social hoje nos permite desconectar daquilo que estivemos conectadas "sempre": Da mesma forma que uma católica se converte ao islamismo, um roqueiro vira pagodeiro, um senhor casado com filhos se revela homossexual, uma dona-de-casa se revela uma senhora empreendedora, uma professora se revela uma péssima influência política, eu pude desdizer o que disse e que, está escrito!, não necessariamente infringiria meus valores - era só mais uma decisão que pode ser refeita, logo ali adiante.

No apanhado das conversas, músicas, leituras, releituras e pesquisas, acho que este passo vai ser um pouco além do que pensado do princípio. 

Para ser ainda mais brilhante isto tudo, revi, sem programar, (o Filme) Comer, Rezar, Amar e resolvi repassar o que escrevi, quando li o Livro a primeira vez: o ciclo está voltando para o mesmo ponto de interrogação, mas de uma forma mais madura.

No fim das contas, e agradeço imensamente o apoio do meu ex-compromisso (leia-se relacionamento com  várias pessoas - ah sim! não praticava a monogamia), é tempo de semear!

"A colheita é comum, mas o capinar é sozinho", [João] Guimarães Rosa. 




*Não adesão à nova regra gramatical.