sábado, 3 de setembro de 2011

ME-DO

Desta última vez que pedi um táxi para ir ao Aeroporto de São Luís, rumo a mais um encontro com o interior do Maranhão e do Pará, o motorista que foi à minha casa me assustou um pouco: manobrou, sem saber - espero eu - ao lado do meu carro - saberão - e disse:

- Renault. Sandero. Dezesseis válvulas: Deus me livre!
- Por que, moço?
- Além de ser um carro horrível, não tem bom preço para revenda.
- Como assim??
- O meu (Parati) é oito válvulas, ou seja, se eu gastar mil reais de conserto, aquele gasta dois; se eu gasto dois, aquele gasta quatro; e por aí vai.
- Ok, mas me dá mais exemplo.
- É que carro dezesseis válvulas esquenta muito o motor e aqui já é quente. (Quase falei, jura?? Não!!). E ele continuou: Se você liga o ar condicionao, quase triplica a temperatura e aí vaza tudo, até óleo.
- Ah, tá. Mas que beleza de carro então, hein?
- Pois é! Tem uma cliente minha, de Belo Horizonte (gente, pára tudo!: Que taxista é este?) que comprou um Citroen C3 aqui por trinta e nove mil reais, em 2008. Foi revender agora e sabe qual foi o melhor preço que ofereceram para ela?
- Nem idéia!
- Dezesseis mil!
- Ave!
- Éééééé! Aí ela pagou mil e quinhentos reais em uma cegonha e mandou o carro para BH, para tentar revender lá. Sabe como é né? Sudeste é bem mais frio, então o dezesseis válvulas lá não é tão ruim.
- Ufa! Tomara!

Acho que nunca me interessei tanto por carro, como naqueles trinta minutos.
Chegando ao Aeroporto ele me deu o cartão dele e quase que eu falei "Deus me livre!": Tá sabendo demais este cara.


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*Não adesão à nova regra gramatical.