sábado, 7 de novembro de 2009

Pijama

Nada [Nenhuma coisa. 1 A não-existência; o não existente. 2 Coisa nenhuma. 3 Nenhum valor. 4 Coisa vã, nula. 5 Alguma coisa; um pouco (...)].
Michaelis

Nesta de não ter transporte para ir-e-vir, de modo cômodo e normal, opto por ficar em casa no único dia livre que temos dentre os sete que compõem a semana: e é por pura preguiça em pedir carona e favores. Prefiro ficar no sofá, descansando, vendo o que se passa no Brasil - literalmente - lendo, escrevendo, ouvindo música ou simplesmente fazendo nada. Rindo, de preferência!

Mas e se o nada for tudo?

E foi exatamente hoje, entre o sofá e a cadeira da sala, entre o intervalo de alguma coisa na tevê e o "atualizar" da página do meu e-mail, que chegou um trecho do livro "Tempo De Delicadeza", do Affonso Romano de Sant'Anna: "Os imaturos tendem a se deixar seduzir pelo 'tudo', que é a aparência, quando é pelo 'nada' que se deve essencializar a vida".

E aí eu me lembrei de uma leitura feita há uns três, quatro anos, do "Livro sobre o Nada", do Manoel de Barros, que a Déa me deu.

É. Acho que o nada pode ser tudo, se fosse diário. Mas por aqui é só uma vez por semana, o que ainda é pouco, se pensarmos na velocidade pela qual passamos pelos outros seis. Então, usufruir de coisas simples, pequenas, não se torna tão corriqueiro. Pelo contrário, sendo opcional, é luxo.

Enfim, de pijama e já sem lugar em casa, desci as escadas e subi. Só para sair um pouco. Alonguei um pouquinho para mostrar aos músculos que eu estava ali, haha. Na volta, uma das meninas teve a brilhante idéia de irmos até o mercadinho da esquina. Eu tenho medo de sair assim. Para isso, não sou nada ousada, nem valente. Abaixo a cabeça e digo não. Mas queríamos um doce. Ou qualquer coisa. Queríamos nada. Queríamos sair de casa. O relógio marcava 21 horas e isto poderia ser tudo. Havendo companhia, a gente reza e inventa uma coragem.

Demos a volta no quarteirão, com algumas interrupções chatas de Líbios e alguns entraves entre a fala de uma e outra. Fomos por nada, sem rumo, só por ir, eu acho. E foi bom. Foi tudo de ontem.

"Não preciso do fim para chegar. Do lugar onde estou já fui embora". Manoel de Barros - O Livro sobre o Nada

Um comentário:

Camila disse...

eu sabia uma teoria fisica sobre o tudo e o nada... mas daí fui verificar se não tava falando besteira e vi que tava.

acabei que não entendi mais nada da tal teoria e não tenho mais o que falar aqui...

então, boa noite!

*Não adesão à nova regra gramatical.