quarta-feira, 9 de abril de 2014

A (tal da) objetividade - Parte I

Meninas no bar:
[três já estão sentadas, tomando uma cerveja, quando uma chega, esbaforida, jogando a chave do carro na mesa, cumprimentando sem perceber, e enfim, desabafa]: Gente! O pai da Aninha morreu!
[todas]: Quêêêêê? Como assim?? Calma, explica, tudo, falaaaa.
[ela]: Assim, gente! Também não sei direito. Ele tava mal. 
[uma]: Mal de quê?
[ela]: Então. Segunda-feira ele estava mal.
[outra]: Mas sentindo o quê exatamente?
[ela]: Então, não sei exatamente o que ele sentia. Sei que na Segunda-feira ele foi no Hospital, o médico falou que era um mal-estar e medicou. Ele foi pra casa.
[uma outra]: Como assim, "foi pra casa?". Que médico irresponsável! Eu processava. Que absurdo!
[ela]: Não, então gente, calma (e finalmente deu uma golada na cerveja). Aí na quarta-feira ele voltou ao hospital, porque a medicação não tinha dado efeito.
[uma]: E aí??
[ela]: Aí que não diagnosticaram nada, falaram em cansaço, para ele desacelerar.
[outra]: Ai meu Deus! E não fizeram exame não? Isso é coraçãããão!
[uma outra]: Gente, isso é um absurdo, tô cho-ca-da!
[Ela]: Pois é gente. Aí ele não acordou bem. Mas parece que morreu antes de chegar ao hospital!
[outra]: Tô passada! Eu processava. Isso é um absurdo! 
[uma]: Mas e a Aninha, como ela 'tá? Você falou com ela?
[Ela]: Ah, gente. Daquele jeito né? Só chora, não se conforma. Muita dor.
Silêncio aos goles da cerveja.
[outra]: Depois vou ligar pra ela. Que foda!
[uma outra]: É isso né? Pra morrer, basta estar vivo!
[As outras três]: Credo! Que horror!
[Ela]: Ai gente! Vamos parar de falar nisso? Tô um caco! Vamos falar de alguma coisa boa?
[Uma]: Vamoooos! Casamento da Belinhaaaaaaa.


Meninos no bar:
[três já sentados, tomando uma cerveja, quando chega um, já puxando a cadeira para sentar]:
[ele]: Falaê, galera! bom? Amigô, me vê um copo aqui por favor?
Ele se serve e brindam.
[um]: E aí? Que que rolou que você não foi na pelada hoje?
[ele]: Putz, cara, pois é. O pai da Aninha morreu, fiquei dando uma força pra ela.
[todos]: Porra, que foda hein?
[Ele]: Muito!
[outro]: Mas morreu do quê?
[Ele]: Cara, sabe que não sei. Não entendi direito. Parece que passou mal e pá. Apagou.
[Um outro]: Ahhh, deve ter sido o coração. Pra morrer assim de repente, só pode ter sido de coração.
Silêncio. Bebem.
[Ele]. Mas então porra! Vão falar quem ganhou hoje ou como é que é?
Riem e pedem mais uma.

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*Não adesão à nova regra gramatical.