terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Impressões e Sensações - Parte II

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu (...). O mundo na TV é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo". Amyr Klink

Williamsburg.
Também de taxi, cheguei para fazer check in no hotel - confortável. A partir daquele destino, decidi não escolher mais hostelspelo menos não sozinha. Já era início de noite. Conversei com minha mãe por skype (a benção mais preciosa dessa minha vida!), desci até o pub dentro do próprio hotel, pedi a clássica e imbatível Ceaser Salad para então dormir.
Os dois dias seguintes foram mágicos e de volta ao passado: mais precisamente, século XVII. A estadia (linda!) me fez recuperar o fôlego. Meu lugar preferido naquele burgo é a casa dos Rockfeller que virou museu: um sossego de paz! Jardins infinitos e parreiras aconchegantes. Sentar debaixo delas me resgatou uma espécie de crença nas possibilidades mundanas. Andar pelas vielas, compartilhando de uma alimentação totalmente orgânica, vendo aquelas mulheres e crianças em trajes típicos, os homens em seus cavalos, os castelos sem esperar qualquer evento de guerra: mais uma vez, a experiência me ensinava mais do que as aulas de História. 

No último dia já tinha visto tudo e até dar uma corrida eu dei, depois de longas semanas. Foi nesta cidade que o novo CD do Teatro Mágico, A Sociedade do Espetáculo, me embalou com muita poesia e energia boa de que as coisas dariam certo. E foi nesta atmosfera que conversei com a Paula por três horas, sobre tudo, principalmente, de abrirmos um negócio e sermos felizes - engraçado que eu abri - ela hoje se constrói por si e em si mesma -  mas não estamos juntas. E estamos felizes - I guess!.
No dia seguinte, cheguei cedo até a rodoviária como tinha (erroneamente) sugerido a recepcionista do hotel, porque ela só abriria dali há 1 hora. Mesmo depois de aberta, não havia qualquer informação sobre meu ônibus e o que tentei conseguir me foi muito mal dada. Graças a Deus, após uns 15 minutos além do horário previsto, o ônibus chegou e segui até Virginia Beach.

Virginia Beach.
Ali, ao longo dos sete dias de chuva, andei de bicicleta, li um pouco mais das Confissões de Santo Agostinho, dormi, vi filmes, me alimentei muito bem - quase que "pela primeira vez, em muito tempo!" - experimentei vinhos da Califórnia e comecei a concordar com a minha mãe de que a vida na praia não deve ser nada mal - e eu pouco sabia da maravilhosa experiência que me aguardava em Miami. Inclusive, antes de chegar até lá, ainda no aeroporto de Norfolk, vivi a primeira chatice dos vôos internos: minha mala estava 100 pounds acima do permitido e por isso paguei 90 dólares de multa + 25.00 pelo despacho.  Com esta, perdi o apetite e quase o humor. Mas foi em Virginia Beach que conheci um cara que vibrou quando eu disse que eu era do Brasil, porque ele havia estado no Caribe há uma semana. Até hoje tento entender como uma coisa tinha a ver com a outra e passei a rir, muito, de todas as confusões geográficas que faz aquele povo, ao invés de criticar simplesmente pela crítica do erro.
Já no aeroporto de MIA, enquanto esperava o Meet, decidi então me alimentar. Dois chopps e um sanduíche que quase acabou sendo pão com queijo: a carne não me aparentou bom estado. Já pagando a conta, conheci, sem querer, um tal de Dom. Quarenta e poucos anos. Conversamos por ótimos 15 minutos; ele havia perdido um voo e achou que eu também estava no mesmo. Ele era Executivo (segundo ele mesmo) forte na 2a. maior empresa de gestão de marca do mundo e mora no Canadá. Ficou de me escrever para mantermos contato e isso me deu uma ótima perspectiva de se tornar uma proposta de trabalho; mas o email dele nunca chegou e preferi pensar que ele perdeu o guardanapo. Sem querer.

Miami
Enfim o Meet chegou e comemoramos como se tivéssemos nos visto há poucos dias e não há quase quatro anos, tal como com a Jess, naquele restaurante no Soho, em Nova York. Pegamos um taxi e assim que chegamos no hostel um cara muito gato já nos convidava para uma festa. Entrei no quarto (misto), passei desodorante, troquei o jeans por uma calça preta-pescador e o tênis por um sapato. Uma maquiagem rápida e básica e lá estávamos num pub, ponto de encontro para a festa. Depois de duas cervejas, Cookie, o moreno espetacular, alto, bronzeado naturalmente, de olhos amarelos e barba por fazer, muito rente a pele, fez sinal em direção à saída do pub. Passando pela porta, lá estava ele sorrindo largamente, como que para um comercial de pasta de dente, em frente a uma limousine preta, alta, gigante e iluminada, nos esperando para nos levar a uma boate top de Miami Beach e, confesso, me sentia uma pop starEntramos por uma fila paralela VIP, que não tinha ninguém na nossa frente e ali dentro estava um mundo por mim desconhecido. A pista, a música e o êxtase natural da alegria nos arrastou até altas horas, quando Cookie decidiu nos levar para um (outro) pub, dessa vez, a pé: foi láque conheci o Neil.

Perdemos o dia seguinte por dormirmos até tarde e pelo cair sereno da chuva, mas tão logo o sol se pôs, saímos para outra boate tão 
impressionantemente mais glamourosa que a a outra que não consegui ficar por duas horas: era muito luxo para meu estilo de vida e diversão: a cerveja, pequena, um pouco mais de 200ml custava 14 dólares e o público insanamente bêbado e nada empático. No domingo, fizemos check-out e comemos em um restaurante legitimamente Indiano. Foi muito querido da parte do Meet me explicar o hábito e tudo o que vem com ele e, surpreendentemente, achei o sabor excelente: "no spicy"!

Por causa do Neil e otras cositas más, decidi ficar pra'lém dos três dias. Meet se despediu de mim como se fôssemos nos ver dali alguns dias, e a semana seguiu perfeita: passei um dia em Everglades -  sim, segurei um filhote de jacaré! - jantei com a Lorena e nesta noite experimentei o inesquecível Irish-car-bomb, deixando o garçom estupefato e incrédulo, por mais que repetisse "Estoy en vacaciones. No dirijo. No hay trabajo mañana" e noites agradáveis como esta se repetiram não só com ela, mas também com a mãe e uma tia: foi com ela que conheci a Lincohn road.
No dia seguinte, peguei um ônibus (estava com saudade) e fui até Key West me revitalizar com a bela paisagem caribenha e toda a energia única daquele clima, das praias e dos resorts luxuosíssimos! Conheci uma mexicana, mais nova do que eu, acho que tinha uns 24 anos, e que também viajava sozinha. Ela sim estava de vacaciones. Há dois anos trabalhava para uma Indústria Multinacional do Tabaco e no fechamento de avaliação do processo dela como trainee, recebeu, além de uma generosa promoção, o convite para trabalhar na Dinamarca. Para comemorar, optou por momentos calientes, antes do frio europeu. Me identifiquei muito com ela e, dessa vez, fui eu quem perdi o guardanapo: realmente sem querer!
De volta a Miami Beach, apreciei o modo americano de "ir a praia", me encontrei com a Lorena novamente e tivemos momentos de muita risada e conforto com a família dela em Sunny Isles: "pela primeira vez em muito tempo", me senti em casa. Aquela foi minha penúltima noite antes de partir e a minha vontade era postergar mais sete dias, mas todo o meu caminho estava não só traçado, como pago. E os ônibus esperariam por mim, mais uma vez.
Na noite seguinte, a última, fui jantar com o Neil num japonês meio bistrô - é, pois é - e havia até um ator brasileiro famoso e achei super bacana olhá-lo com admiração enquanto o Neil não fazia ideia nem conseguia atribuir importância. Assim, me contive e me comportei com (quase) indiferença e não sei se arrependo de não ter tietado e pedido o guardanapo para ele assinar para mim.
A noite foi linda e na saída nos deparamos com um movimento festivo. Seguimos e o Neil se lembrou que era a festa de Independência do México. Ariba! Fomos bailar um pouco. Como não poderia ser perfeito, porque "nada nunca é", a madrugada se estendia demais para quem precisava estar às 5 horas não só de malas prontas, como no ponto esperando o ônibus passar que, sem tolerância, seguiria sem diminuir a velocidade.
Antes disso tudo, o dia tinha sido demasiadamente cheio de feitos gostosos: caminhadas pela cidade, visita a Little Havanaaventura num salão de beleza tocado por Venezuelas que há 17 anos moram por ali e não falam uma frase completa em inglês - e foi delas que ouvi pela primeira fez sobre Los Iluminastes e a Nova Ordem Mundial. Almocei num "restaurante brasileiro" que não deixou a desejar at all, me deliciei com a livraria Taschen e me apaixonei para sempre com Keel's Diary e sua forma de refletir sobre como se dá a vida: rindo!

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*Não adesão à nova regra gramatical.