terça-feira, 3 de maio de 2011

Quando uma coisa desperta outras coisas

Transeunte [Do lat. transeunte, ‘que passa’. 2.Que vai andando ou passando; viandante. 3.Indivíduo que vai andando ou passando; passante, caminhante, andante, viandante]. Dicionário Aurelio.




São quatro anos fora de casa. Foi uma celebração de quatro anos em que nossas vidas se cruzaram. Éramos todos solteiros e sonhadores com um sonho em comum. Vivíamos em uma casa compartilhada entre nossas vidas que se alojavam sob um mesmo teto e muitas vezes a mesma cama. Uns dormiam de meia-noite às seis e eu mesma já dormi das seis às nove, por exemplo, algumas vezes.

Neste último fim de semana nos encontramos sob a benção de Deus, para o casamento de um deles que, ainda ou embora sonhador, só não é mais solteiro: nos últimos dois anos fui convidada para - dentre outros - cinco importantes casamentos e este foi o único em que consegui ir, face a situação de agenda x distância.

Neste caso, a linha era extrema: fui de São Luís, no Maranhão, para Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Nove horas de tudo, por trecho. As mais longas, esperando o embarque. Em Guarulhos, São Paulo, horas a fio, sem previsão, com o aeroporto de Porto Alegre sem teto para pousos, pensei, sem querer, sobre o Brasil de hoje, de quatro anos atrás e o dos quatro anos próximos. Ali, vendo tantas pessoas circularem, vindas de tantos, variados e diferentes lugares, carregando tantas histórias; lembrei de algumas minhas e assutei quando somei mais de 68 paradas em aeroportos desde que voltei da Líbia, em Julho. Pergunta: para quê? - Quais são essas facilidades tecnológicas que teletransportam e ao mesmo tempo te afastam?

Elucubrações à parte, eu, definitivamente, não quero estar transitando por aeroportos nos períodos festivos que compreenderão a Copa das Federações, do Mundo e Olimpíadas. Se neste fim de semana, fora de temporada, quase me irritei com a ordem caótica das coisas, com atrasos mal informados, atendimento confuso - coitado dos gringos! - infra-estrutura precária e abuso dos preços:
- Moça, por favor, dois pães de queijo, um capuccino e um chá gelado, por favor?
- Dezessete reais e cinquenta centavos, senhora.
Imaginemos quando a brincadeira começar?

Dentre tantas passagens que fiz, em trânsito, diria que Porto Alegre superou qualquer expectativa, não só pelo aeroporto, mas pela cidade e pessoas. Ali é outro Brasil, para mim. Outro nível de civilização: os maranhenses legais e respeitosos que me desculpem - de novo - e que não levem este comentário pessoalmente - mas eu avisei no início do texto: são opostos extremos!

Para a viagem de Porto Alegre a Santa Maria foram cinquenta reais para um ônibus luxuoso, com TV de bordo individual, cadeira (bem) reclinável, sob um asfalto seguro: seguríssimo.

Contra-pontos deixados de lado, mas não esquecidos, em breve, mais cinco aeroportos - talvez três desconhecidos - entrarão para a lista de "ser observado", porque mais uma viagem vem aí.

No fim das contas, dessas continhas, é preciso criar e abraçar oportunidades de encontrar pessoas, conhecer lugares e renovar os sonhos; não necessariamente desconsiderando, mas atribuindo menor importância aos percalsos: será que a gente consegue?




"A vida é como andar de bicicleta: para manter o equilíbrio é preciso manter o movimento". Albert Einstein


Um comentário:

Aline Mamede disse...

Comentário-nada-a-ver-com-o-post...
Depois de muito tempo sem visitar o blog, aqui estou, me deliciando com seus textos (porque é isso que se faz com coisa boa!)
Beijos e saudades!

*Não adesão à nova regra gramatical.